sábado, 20 de setembro de 2014

Só porque daqui a nada é Natal

Hoje vim deambular por aqui... coincidência? acaso? inspiração divina?... e o facto de não ter vindo cá desde final de maio, também um insólito e irrelevante acaso? Quem dera...

Pois, é mesmo isso: a escola acabou, e esquecemo-nos dessa coisa da dislexia. A escola recomeça e o monstro ataca, tipo Dallas, a primeira série a fazer sagas e sequelas intermináveis, verdadeiros pesadelos televisivos.

E embora abomine as tão badalas entrevistas dos licenciados que trabalham em mercearias e dizem que o seu dinheiro mais mal gasto foi na educação, como se o conhecimento fosse um objecto material com fins meramente economicistas, e o saber e desenvolvimento do pensamento crítico fossem aborrecidas circunstâncias que vêm por attach; ainda assim, embora vomite estes disparates que revelam o provincianismo a que o país ainda está remetido, ainda assim, é raro o dia que não me interrogue sobre a validade de enviar o ser que mais prezo para a Câmara dos horrores, num acto sistemático e diário. Bom, claro, estou a deixar-me arrebatar pelo lado dramático da situação, não resisto!
Mas, exageros à parte, e sabendo que todos precisamos de criar os novos anticorpos, a isso se chama sobrevivência e crescimento - tanto pais como filhos, claro - ainda assim apetece sempre, e sempre, perguntar «Caramba, mas será mesmo que não conseguimos melhor do que isto!?!»


Lá estamos nós, pais e envolvidos, a voltar a ler tudo sobre dislexia, a googlar todos os artigos e a youtubar todos os documentários. A resposta mais óbvia é sempre a mesma: «temos que construir um sistema de ensino válido para todos», que valide as competências individuais, e reconheça as diferenças de cada um. Ehehe, aposto que, se fizermos um inquérito, toda a comunidade educativa dirá que o faz. Claro! E na enrolada legislação e nas suas miríades de subtilezas, lá estarão esses bonitos chavões, num ramalhete intrincado e passível de outras leituras mais opacas.

Bom, deixando esta aborrecida tendência de crítica fácil do sistema, aconselho arregaçar mangas, inspirar, meditar, e atacar o touro pelos cornos mais um ano lectivo (vá, na prática são dez meses, com interrupções aqui e ali, bem espremido, o que é isso? um bocadinho de tempo, mais nada).

Bom ano lectivo a todos, sem discriminação de alturas, cores de olhos, tamanho das unhas, densidade capilar ou outra coisa qualquer. Até me atrevo a desejar bom ano a algumas cores políticas mais desbotadas ou às excessivamente garridas. Vá, só porque daqui a nada é Natal, e é para todos, afinal!

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