quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Zacas, Zecas, Zicas, Zocas, Zucas

Tenho uma tia que, quando éramos mais pequenos (nós, lá de casa, mais a catrefada de primos), às vezes passava uns dias connosco nas férias. Era daquelas tias cuja imaginação fértil nos fascinava!!!
Não era (nem é) nada daquelas pessoas de gugu dadá, nada de bebezices nem infantilices.
Mantinha um ar seríssimo no seu discurso, aquele ar que nos fazia balouçar entre o real e o absurdo.
Todas as noites ela ia visitar-nos ao quarto e contava uma história. Mas calma, não era sempre ela.
Uma noite era a Zacas (de verdade!), outra a Zecas, depois vinha a Zicas, a Zocas e a Zucas. Cada noite éramos visitados por uma diferente personagem, embora o invólucro fosse o mesmo, o que ainda aumentava mais a magia.

Bom, cá em casa às vezes também tenho destas visitas, em permanência, mas nunca sei por quanto tempo....

Chego a baralhar-me, só não desespero graças à Zacas (ou Zecas, ou Zicas....)!
 Passo a explicar, e quem vive com disléxico é capaz de me entender:

Dia 1
- Mãe, amanhã tenho teste de matemática, só hoje a professora avisou! Pânico!
- Ok, vá, vamos lá ver o que é que sai - digo eu, aparentemente calma, eu que ODEIO matemática visceralmente, mas vá...
E lá vamos ver, a afinal a miúda sabe tudo, e tão bem, explicou-me tudo na maior, notações científicas e afins, bom, ufa, que alívio!
- Vês, afinal sabes, vai correr tudo bem, boa!

Dia 2
- Então o teste, querida?
- Desgraça total!
- Mas então, não saiu o que estudámos?
- Sim, mas esqueci-me de como se fazem as notações...
- Mas como, esqueceste-te? Foste tu que me ensinaste, estava tudo tão consolidado, não percebo...?
- Ó mãe, esqueci-me. E depois tive mais 45 minutos de aula, e não consegui escrever nada.
- Em 45 minutos não escreveste nada? Absolutamente nada?
- Ó mãe, perdi-me, 1º eram os sumários, não apanhei, depois tentei escrever o que a professora estava a ditar, mas também não apanhei, depois tentei voltar aos sumários e copiar da colega do lado, mas baralhei-me, passei a aula 57 no sítio da 56 mas a dizer 51...
- Ó Meu Deus, eu é que já me perdi!
- Pois, eu também!

- Ah, mãe, e é verdade, amanhã combinei encontro antes do jantar às 7h15.
- Mas o jantar não é no sábado?
- Ah, pois, é depois de amanhã...
- E não é às 8h? Demoram 45 minutos para subir a rua????
- Ah, sim, pois, é às 7h45 o encontro..

Compreendem? Um dia tenho uma Zacas, responsável, que sabe as horas, que aponta tudo para não esquecer nada, e vejo uma luz ao fundo do túnel - Oh, está tudo a encaminhar-se, que bom! Fico tão babada...
No dia seguinte, sem nenhuma explicação aparente, surge uma Zecas distraída, que se perde nas horas e nos dias, e que bloqueia assim, do nada!

Amanhã, teremos Zocas? Zucas? Hmmm.... mistério...

Ainda bem que odeio a rotina! Ufa!  :)


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