Uma das coisas giras em acompanhar o crescimento dos nossos
miúdos é, para além do constante reposicionamento no mundo a que nos obrigam, o
que só por si é um feito extraordinário, é, dizia, os constantes travellings ao
nosso passado e àquilo que fomos e fizemos, que contribuiu para definir o que
somos hoje.
Isto tudo para chegar a um tema muito menos prosaico do que
aparenta: lembrei-me, há uns dias, das manias que a malta tinha quando era
adolescente. E quando digo malta digo mal, na verdade não era toda a malta,
eram mesmo as miúdas. Nós, as miúdas, tínhamos algumas manias, sim, há que
assumir. Pirosas, mesmo. Tontas e inócuas, ou talvez não tanto.
Bom, mas uma dessas manias era achar que ter boa nota num
teste não dependeria tanto do que sabíamos ou não, do que tínhamos estudado ou
não. Talvez nem dependesse do nosso quociente intelectual. Era mais uma questão de sorte. E vistas as coisas desse prisma (teoria que qualquer mente preguiçosa
subscreve inteiramente, claro!), havia que dar uma ajudita ao destino, não fosse a coisa falhar.
Ajudita tipo... estudar mais? Hmmm, para quê se podemos arranjar qualquer
coisa muito mais gira e pirosa? Eureka! Alguma mente iluminada teve um rasgo: usar coelhinhos-mascote, miniaturas em
borracha bem cheirosas, com laços cor de rosa na cabeça e um sorriso
estupidamente amoroso. Óbvio! Punha-se o dito em cima da secretária riscada
(com sorte com uns riscos que eram mesmo a matéria do teste) e era tiro e queda (às vezes mais a queda que o tiro).
Portanto, qualquer miúda que se prezasse transportava um
desses pirosos fofos na mala nos dias de teste. O melhor era até levar dois ou
três, que nós, miúdas, somos mulheres prevenidas.
Se, ao chegar à sala, percebêssemos que o fofo piroso tinha
ficado em casa, era o pânico total!!! Mesmo!!!
Sim, lembrei-me dos fofos pirosos porque, nesse tal outro
dia, a minha filha abriu a mala e teve um ataque de pânico…total!!! E de repente o tal
travelling… vai-me dizer que lhe falta algum piroso..?
- Mãe, já não tenho
corretor para a escola!!! Pânico!!!
(…)
A sério, tinta corretora? Não é o verniz que lhe falta, nem nenhuma
mascote, nem sequer a senha do almoço. O essencial mesmo, para uma adolescente disléxica,
é a tinta corretora, para quando for
calmamente rever o que escreveu… Assim à laia de bote salva-vidas...
Os
fofos pirosos tornaram-se ainda mais estúpidos do que eu me lembrava!
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